AO DOBRAR Á ESQUINA:
Sessões-torturas: O som do caminhão
dele chegando; ela pula o muro para dentro de casa, talvez, até se esqueceu de
usar o portão, já que faz tempo que é presa sob ameaças; lá, a cozinheira de
mão-cheia vivi o terror: as panelas cheirando comidas deliciosas, agora
malditas, lançadas para o ar, para a rua, quintal, escorrem, se misturam caldos,
lágrimas amargas, salivas, às vezes sangue ou esperma no chão... Ferindo seu
orgulho, sua autoestima, todo seu íntimo; depois de apanhar de cinto, sofrer
com objetos lançados nela, tem uma arma apontada para cabeça!... A salvação
quando alcançada é no quintal: um cercado malfeito que com a força vinda da
angustiante lembrança da última vez que desmaiou tendo a cabeça jogada contra
parede, foge da possibilidade de reviver isso, para o amparo dos vizinhos.
Ela: Um passarinho capturado no
alçapão dos encantos no tempo de namoro; Agora o seu encantador dia após dia fica
especialista em torturar a que é bastante forte para não revidar igualmente o maltrato...
para os de braços cruzados e línguas ferinas “essa é
mais uma mulher que vive para apanhar e vai morrer apanhando, simplesmente.”
A transformação ou a deformação de
caráter me faz perguntar: o que motiva?
Faz-me
ter um certo temor em frente ao espelho: Quem será você no futuro!?
Sua alma oprimida já se conformou com o terrível
fim previsto por tantos? Já é enfadada de tanto percorrer inúmeras vezes o
labirinto sombrio dos caminhos de ameaças mortais, solidão, desprezo, enganosas
culpas, de vergonha, medo, desesperança?...
Talvez...
porque, ela diz:
— Deixa assim, deixa assim! Depois de eu dar à luz.
Depois disso, vou tomar um rumo diferente!
“Mas
por enquanto segue sendo o saco de pancada.”
Triste, triste e triste essa
situação que mulheres como essa, sobrevivem, mais um dia, mais umas horas?! Nos
cativeiros domésticos: provavelmente estão até no nosso lado.
O que aconteceu no fim dessa
história? Sim, pois, já tem fim; o que esse escritor está fazendo é apenas
escrevê-la e muito mal, com muitos erros de gramática, metendo a colher nas
“brigas de marido e mulher”, acrescentando apenas reflexões que ele acredita
que é isso que faz um texto ser bom.
Houve morte? Já tinha havido, mas de
quem? Do relacionamento ideal de um casal. Depois de dar à luz veio à luz do
fim do túnel — Força, esperança: a última sessão-tortura levou-a sair dessa
condição, feito uma presa escapando das garras do predador, para guerrear na
vida pela sua criança; virou a ovelha do Bom Pastor, depois essa ainda ferida
foi bem tratada por um pastor com uma atenção redobrada que com ela casou.
O torturador virou motivo de piada,
de risos e exemplo de quem despreza uma mulher que prova o seu valioso valor. O
dinheiro dele? O álcool, a bebida consumiu, uma tremedeira o pegou e mais nunca
o deixou — anda como cego em meio tiroteio, vai agarrando nas paredes, já caiu nos
vales, nas lamas... se assim seguir só parará caído numa cova.
E os herdeiros dessa construção de
lembranças sentimentais em ruína?!
-
Wagner Martins
quarta-feira,
5 de agosto de 2020
Um conto, que conta a triste e infeliz realidade de muitos casais, onde tanto a mulher quanto o homem se tornam vítimas de si mesmos, de suas escolhas... Um convite a reflexão.
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