MEUS ÚLTIMOS PEDIDOS, Wagner Martins (Poesa



MEUS ÚLTIMOS PEDIDOS

Não, não,
não, pelo amor,
não me socorra!

Me dê um café forte
Para não pegar no sono eterno,
ou qualquer coisa caseira;

só não me socorra!
Dói menos
morrer em casa, no conforto da cama,
do que no hospital
PASSE PARA O INFERNO,
esquecido que sou humano,
Em estado desumano,
Sem macas,
descartado em qualquer
corredor,
feito vira-lata sem dono, nas ruas
gemendo, gemendo,
e gemendo,
sem receber um gesto humano!...

No velório,
aos meus inimigos
faço os últimos pedidos:

sapateiem em cima do meu caixão,
façam um brinde
a esse grande covarde,
por não aproveitar
o mínimo, do mínimo, do mínimo
da vida!

- Wagner Martins

21 de junho de 2018

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