Dor na Alma, /poeta Homero Souza

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Minhas feridas ardem fundo na alma.

A pele marcada pelos estribos do chicote

O espírito dilacerado pela insensatez

O orgulho morto e enterrado com minhas lágrimas.

Pelo canto do olho, vejo minha mãe desolada.

Ela me olha com o pavor de mãe impotente.

Eu aqui com as feridas abertas

E o chicote insano rompendo o tecido de meu corpo.

Sinto saudades de não sentir.

Lembro me de correr descalço na pradaria…

O ranger das correntes me lembra de que a dor passa, mas as marcas ficam.

O chicote ressoa novamente, e o estampido reverbera em mim.

Na boca sorvo o salgado de meu suor

Que me escorre pelas têmporas e mistura-se com minhas lágrimas.

A sensação de desfalecimento é um presente divino e,

Humilhado, enterro o rosto nos braços abertos de vergonha.

Tento em vão falar em alguma língua

Um verso que rompa a inanição daquela dor.

Minha mente divaga na dor da alma

E sinto explodir novamente o chicote minhas feridas.

Pelo canto do olho vejo novamente minha mãe

Sofrendo uma dor maior do que a que sofro.

Sinto-a sentindo meus pensamentos

E me imagino acalentar seu rosto em meus ombros.

Triste humanidade desumana

Que me trouxe aqui para ser humilhado, açoitado, desgraçado…

A rigidez de meu músculo maculado, a doçura do fel que escorre de mim,

A chibata me rouba do mundo. Essa é a minha vida real.

Tremendo, chorando, suando, vejo a escuridão me aparecer

Clara como a música de minha alma se perdendo.

Sinto que me vou e não volto mais

Beijo com os olhos o desespero de minha mãe.

O chicote se cala, a mulher grita

O músculo se rompe e a pele se abre.

A alma se vai e o corpo fica inanimado

Minha mãe ficou. Não resisti e fui.

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Um comentário:

  1. Ao ler tua poesia chorei, pos, vc escreve com a alma e passa emoçao e descreve o que aconteceu e acontece no dia a dia.

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