Minhas feridas ardem fundo na alma.
A pele marcada pelos estribos do chicote
O espírito dilacerado pela insensatez
O orgulho morto e enterrado com minhas lágrimas.
Pelo canto do olho, vejo minha mãe desolada.
Ela me olha com o pavor de mãe impotente.
Eu aqui com as feridas abertas
E o chicote insano rompendo o tecido de meu corpo.
Sinto saudades de não sentir.
Lembro me de correr descalço na pradaria…
O ranger das correntes me lembra de que a dor passa, mas as marcas ficam.
O chicote ressoa novamente, e o estampido reverbera em mim.
Na boca sorvo o salgado de meu suor
Que me escorre pelas têmporas e mistura-se com minhas lágrimas.
A sensação de desfalecimento é um presente divino e,
Humilhado, enterro o rosto nos braços abertos de vergonha.
Tento em vão falar em alguma língua
Um verso que rompa a inanição daquela dor.
Minha mente divaga na dor da alma
E sinto explodir novamente o chicote minhas feridas.
Pelo canto do olho vejo novamente minha mãe
Sofrendo uma dor maior do que a que sofro.
Sinto-a sentindo meus pensamentos
E me imagino acalentar seu rosto em meus ombros.
Triste humanidade desumana
Que me trouxe aqui para ser humilhado, açoitado, desgraçado…
A rigidez de meu músculo maculado, a doçura do fel que escorre de mim,
A chibata me rouba do mundo. Essa é a minha vida real.
Tremendo, chorando, suando, vejo a escuridão me aparecer
Clara como a música de minha alma se perdendo.
Sinto que me vou e não volto mais
Beijo com os olhos o desespero de minha mãe.
O chicote se cala, a mulher grita
O músculo se rompe e a pele se abre.
A alma se vai e o corpo fica inanimado
Minha mãe ficou. Não resisti e fui.
Facebook do /poeta Homero Souza:https://www.facebook.com/homero.souza.98
site do poeta::http://fatosenotas.wordpress.com
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Ao ler tua poesia chorei, pos, vc escreve com a alma e passa emoçao e descreve o que aconteceu e acontece no dia a dia.
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