Poema: No Ringue da Paralisia Cerebral, Autor: Wagner Martins


 

Poema: No Ringue da Paralisia Cerebral

 

Autor: Wagner Martins

 

São brigas constantes

eu com o descontrole

para ver quem toma o controle

em todas às vezes que vou falar,

ao andar,

ao abrir das mãos e fechar…

Quaisquer movimentos que faço

a briga fica cerrada;

até quando

não quero me movimentar,

não tenho essa escolha!

 

Essa falta de coordenação motora,

em muitos momentos

me embriaga de tristeza,

de impotência,

tira a minha esperança;

dar socos no meu íntimo;

me deixa com vontade

de fazer nada;

me cansa,

me cansa,

me cansa.

 

O pulso, porém, ainda pulsa;

por passar a vida inteira

no ringue da paralisia cerebral

atacando e sendo atacado,

perdendo muito mais

do que ganhando,

estou conquistando força, resistência,

habilidade

para me desviar

de tantos locautes;

depois de tantos treinos

em sessões de fisioterapia, fonoaudióloga,

T.O, terapia ocupacional,

já estou lutando

quase de igual;

apesar de a neurologia

dizer que por mim

pouca coisa pode fazer.

Eu, porém, vivo pela fé:

Não posso baixar a guarda.

Tenho que viver pela fé!

Já que não conheço outra melhor forma

de contra-atacar.

 

2 de fevereiro de 2025

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