A IRONIA DO TEMPO, Wagner Martins (poesia)



A IRONIA DO TEMPO

Quando criança:
Só a brincar, até em sonhos,
apreciando em tudo o seu encanto...
degustando o imaculado mel da vida!

Quando na adolescência:
Só a me agrupar, experimentando,
vindo explorar, no caminho sem volta,
de tudo um pouco...
Apropriando de mui desejos para sonhar!...

Quando na juventude plena:
Só ajo por impulsos,
Almejo a gozação...
Contudo, vou aprendendo
distinguir na prática
aquilo que é lúcido, tolo,
e as sedutoras ilusões.
Indo a luta com gás todo
Para enfim deleitar-se
De cada uma das minhas realizações!

Quando adulto:
no mar da inércia estou afundo-me;
crendo que sou importantíssimo...
entretanto, no céu a muitas pessoas apaguei-me?!
E assim de parecer, para aparecer,
e sem ser, a vida carrego.
Trilho a trilha das artes transparentes,
Dos frutos que têm seus valores.
A vida é dura, ou ela assim deixamos?
Só sei que eu estou em coma, sem emoções a viver!

Quando chego a ser idoso:
Temo ser um dos esquecidos da geração,
Nos quartos do desprezo,
Nos abrigos da ingratidão...
Temo a invisibilidade
Diante dos familiares
Mesmo estando presente...
- Gente que fala com certa lentidão,
Ou esquece rápido...
Gera em muitos irritação!...
Temo por tudo isso, e no pior:
De que toda essa terrível condição,
venha daqueles que tanto amei,
daqueles que mais de me cuidei,
dos que se esquecerão
que logo feito eu serão!....

- Wagner Martins


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

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